Olá, caros leitores!
Ontem realizamos mais uma Roda de Leitura no Espaço Novo Mundo, a respeito da cadeia de produção do livro.
O livro lido para discussão foi A livraria, da autora inglesa Penelope Fitzgerald (1916-2000) publicado originalmente em 1978. A tradução brasileira, de Sonia Coutinho, foi publicada pela Bertrand Brasil em 2000. O presente romance foi baseado em experiência pessoal da autora, que trabalhou numa livraria em Suffolk na década de 60.
A primeira coisa explorada na discussão é que a autora começou tarde sua carreira literária: seu primeiro trabalho foi publicado quando ela já tinha 58 anos de idade.
Perguntei aos presentes o que eles acharam da leitura do livro e muitos comentaram que acharam o livro meio "parado", não havia grandes acontecimentos no enredo. De fato, é um romance muito discreto, muito mais uma crônica de costumes da Inglaterra interiorana de 1959, portanto, pré-Beatles e pré-revoluções de costumes dos anos 60.
A protagonista deste romance é Florence Green, viúva de meia idade que decide abrir uma livraria numa casa abandonada com um porão alagado chamada Old House em sua pequena cidade, a fictícia Hardborough, na região de Suffolk.
Desde a primeira página, a autora faz questão de frisar que uma das características mais marcantes de Florence é sua bondade, ainda que ela não fosse suficiente para ajudá-la em questões de autodefesa ou sobrevivência. Isso se manifesta na maneira como ela abre e administra o seu negócio. Para quem trabalha ou já trabalhou em livraria foi chocante ver como a personagem desconhece os procedimentos administrativos e contábeis.
Além disso vemos a oposição ferrenha oferecida por Violet Gamart, que quer a Old House para si, a fim de nela montar um centro de artes. A autora descreve a maneira como ela aproveita suas conexões políticas para tirar a Old House (e a livraria) de Florence.
Perguntei aos participantes se a livraria de Florence teria sobrevivido sem a conspiração de Violet Gamart e seus aliados e um deles achou que sim, talvez a livraria não prosperasse, mas poderia se manter com poucos lucros. Outros já acharam que não, que a falta de experiência da protagonista fatalmente a levaria ao fracasso.
Apesar de ser um romance sem happy end, A livraria serve como estudo de caso para os participantes discernirem o que não deve ser feito na gestão de uma livraria, no tocante a administração de estoque, contratação de recursos humanos, conhecimento da mercadoria, etc.
Para mim, particularmente, o romance tem o mérito de mostrar a livraria como um negócio, sem idealizações intelectuais.
Depois da discussão a respeito do livro citei alguns outros estudos de caso, como o Shopping Cultural Ática e as livrarias Siciliano.
Imaginem que só depois que eu já estava voltando para casa que eu percebi que não tirei as fotos do encontro!!
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Hello dear readers!
Yesterday Espaço Novo Mundo Nobel Bookstore held again our Reading Circle about book business.
We discussed The bookshop from British author Penelope Fitzgerald (1916-2000), originally published in 1978. Brazillilan translation from Sonia Coutinho was published by Bertrand Brasil in 2000. This novel was based on personal experience of the author, who worked in a bookshop in Suffolk in the 60's.
The first thing we discussed were the fact that the author started her literary career late in her life: her first work was published when she were 58 years old.
I asked the presents what were their opinion about their reading and many answered that they thought the novel were very bland, they didn't find great happenings in the plot. Indeed the novel is very discreet, it is rather a chronicle of costumes of a provincial England pre Beatles and pre revolutions of the 60's.
The protagonist is Florence Green, a middle-aged widow who decides opening a bookshop in a old and abandoned house in Hardborough, a ficticious seaside city in Suffolk region.
Since the first page the autor tell us that one of most proeminent features of Florence is her kindness, although it isn't very practical when the matter is self-defence. We see it clearly when we read about how she opens and manages her business. For people who currently works or alread worked in a bookstore is shocking to see how the character doesn't know anything about managerial or accountancy procedures.
Besides, we read about the opposition offered by Violet Gamart, who wanted the Old House for herself, in order to install a Arts Center in it. The autor describes the way how she makes good use of her political conections to steal the house (and the bookshop) of Florence.
I asked the participants if Florence could lost her bookshop without Violet's interference and one of them told me that he didn't think so: perhaps Florence wouldn't open new branches of her bookstore but it would survive. Others told me they guessed yes, Florence weren't smart enough to keep it.
Although The bookshop isn't a happilly ever after novel, it served as a case to show us what not to do in a bookstore management. For me this novel has the merit of showing a bookstore as a business, without all that intelectual glamourization.
After discussions about the book we talked about Brazillian cases of bad management that lead publisher houses and bookstores to bankrupcy, like Shopping Cultural Atica and Livrarias Siciliano.
Imagine that only after I was coming back to my home that I realized that I forgot to take pictures of the meeting!!
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