Ouvi esta história num festival de contação de histórias na parte externa da Biblioteca Hans Christian Andersen, em 2010.
Como ainda não a achei em nenhuma antologia, pensei que seria bacana registrá-la, com as minhas palavras, conforme a minha lembrança.
Vamos lá.
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A verdade era um mulher muito determinada a falar com o Rei. Ela precisava falar com ele!
Então ela se dirigiu ao castelo dele, nua e crua, disposta a dizer-lhe umas verdades. Afinal, ela era ou não era a Verdade?
Nua e crua, ela se postou ao lado da muralha e anunciou-se:
- Eu sou a Verdade e eu quero falar com o Rei!!
O guarda que estava no torreão da muralha, assustado gritou:
- Esta mulher está nua e crua! Ela não tem vergonha?! Guardas, prendam-na!
Ao ver os guardas que avançavam para prendê-la, a mulher ainda insistiu:
- Eu sou a Verdade e eu quero falar com o Rei!
Mas percebendo que seria presa se continuasse lá, ela fugiu, sem conseguir falar com o Rei.
Então a Verdade ficou muito brava, brava mesmo e vestiu-se de negro, embainhou sua espada cortante, maquiou-se de negro, pintou suas unhas de negro, pôs seu chapéu negro e foi, toda altiva e terrível, uma verdadeira bruxa, e berrou diante da muralha do castelo do Rei:
- Eu sou a Advertência! Eu quero falar com o Rei!!
O guarda que estava no torreão da muralha ficou aterrorizado com aquela megera que estava gritando e gritou mais forte ainda:
- Guardas, prendam essa bruxa, ela está louca! Pode matar o Rei!
Ao ver os guardas que correram para prendê-la, a Verdade, vestida de Advertência, não teve outra alternativa a não ser correr para salvar sua vida.
Aí ela ficou muito triste e decepcionada consigo mesma porque ela tinha falhado em falar com o Rei... Sentia-se uma fracassada...
O que faria?
Ela precisava tanto falar com o Rei!!
Pensou, pensou, aconselhou-se com umas amigas e então decidiu...
Vestiu-se desta vez com um maravilhoso vestido colorido, colocou todas a joias que pôde, perfumou-se, pegou seu leque de plumas, e, toda sedutora, mais uma vez postou-se diante da muralha do castelo do Rei.
Com uma voz musical e agradabilíssima, trinou:
- Eu sou a Fábula, e eu quero falar com o Rei!
Todos os guardas ficaram tão admirados com tanta formosura da dama, que abriram os portões da muralha do castelo e deixaram a Verdade, vestida de Fábula, entrar.
Então ela falou com o Rei.
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