Rodas de Leitura
Ciclo: As aventuras da escrita
Tema 4: As aventuras da escrita
Atenção: As rodas de leitura realizadas no Espaço 308 (Rua Paschoalina Migliorini, 121) serão realizadas das 9h30 às 11h30
Março de 2015
Espaço 308: 14 (sábado) às 9h30
Espaço Novo Mundo: 17 (3a.feira) às 19h
REZENDE, Maria Valéria
Rio de Janeiro, Alfaguara, 2014. 248p.
“Quarenta dias no deserto, quarenta anos.” É o que diz (ou escreve) Alice, a narradora de Quarenta dias, romance magistral de Maria Valéria Rezende, ao anotar num caderno escolar pautado, com a imagem da boneca Barbie na capa, seu mergulho gradual em dias de desespero, perdida numa periferia empobrecida que ela não conhece, à procura de um rapaz que ela não sabe ao certo se existe.
Alice é uma professora aposentada, que mantinha uma vida pacata em João Pessoa até ser obrigada pela filha a deixar tudo para trás e se mudar a Porto Alegre. Mas uma reviravolta familiar a deixa abandonada à própria sorte, numa cidade que lhe é estranha, e impossibilitada de voltar ao antigo lar. Ao saber que Cícero Araújo, filho de uma conhecida da Paraíba, desapareceu em algum lugar dali, ela se lança numa busca frenética, que a levará às raias da insanidade. “Eu não contava mais horas nem dias”, escreve Alice em Quarenta dias, um relato emocional e profundo. “Guiavam-me o amanhecer e o entardecer, a chuva, o frio, o sol, a fome que se resolvia com qualquer coisa, não mais de dez reais por dia (...) Onde andaria o filho de Socorro?, a que bando estranho se havia juntado, em que praça ficara esquecido?”
Abril de 2015
Espaço 308: 11 (sábado) 9h30
Espaço Novo Mundo: 14 (3a.feira) 19h
Gaarder, Joosten.
O dia do curinga.
São Paulo, Companhia de Bolso. 2007. 344p.
"Você já pensou que num baralho existem muitas cartas de copas e de ouros, outras tantas de espadas e de paus, mas que existe apenas um curinga?", pergunta à sua mãe certa vez a jovem protagonista de O mundo de Sofia.
Esse é o ponto de partida deste outro livro de Jostein Gaarder: a história de um garoto chamado Hans-Thomas e seu pai, que cruzam a Europa, da Noruega à Grécia, à procura da mulher que os deixou oito anos antes. No meio da viagem, um livro misterioso desencadeia uma narrativa paralela, em que mitos gregos, maldições de família, náufragos e cartas de baralho que ganham vida transformam a viagem de Hans-Thomas numa autêntica iniciação à busca do conhecimento - ou à filosofia.O dia do Curinga é a história de muitas viagens fantásticas que se entrelaçam numa viagem única e ainda mais fantástica - e que só pode ser feita por um grande aventureiro: o leitor.
Maio de 2015
Espaço 308: 09 (sábado) 9h30
Espaço Novo Mundo: 12 (3a.feira) 19h
O professor e o louco: uma história de assassinato e loucura durante a elaboração do dicionário Oxford
São Paulo, Companhia de Bolso, 2009. 240p.
No século XVIII, época de descobertas científicas e de expansão dos ideais iluministas, a Inglaterra encontrava-se extremamente atrasada nos estudos da própria língua. Enquanto França, Itália e Alemanha já possuíam livros e instituições dedicados à filologia, autores como Daniel Defoe e Jonathan Swift eram obrigados a se virar sem um dicionário que fixasse a língua inglesa. Obras como o maravilhoso A dictionary of the English language (1755), de Samuel Johnson, vieram suprir a falta prolongada desde os tempos de Shakespeare, que no século XVI teve de escrever suas peças sem um único livro ao qual pudesse recorrer para consultar a grafia ou o significado de uma palavra.
Mas foi apenas no ano de 1857, em plena era vitoriana, que a ideia de um dicionário que abrangesse a língua inglesa como um todo, desde a preposição mais corriqueira até o substantivo mais longo e obscuro, veio à tona. Partindo de alguns preceitos já usados por Johnson, o New English Dictionary - futuro Oxford English Dictionary - usaria citações (literárias ou não) para ilustrar o sentido, a origem e as mudanças sofridas ao longo do tempo no significado de todas as palavras anglo-saxônicas.
O uso de voluntários para empreender tamanho projeto foi uma iniciativa necessária e inovadora em sua época, e foi também o que permitiu o encontro de duas figuras fascinantes: o filólogo autodidata James Murray, irlandês de origem humilde, que dedicou quarenta anos à edição do OED, e o americano de família rica e tradicional, William Chester Minor, médico promissor e dedicado que teve de passar a maior parte da vida entre os muros de um hospital psiquiátrico e de lá foi um dos colaboradores mais profícuos e eruditos do dicionário.
Com uma prosa simples e apaixonada, de quem descobre com o leitor a profusão de histórias que existe por trás dos setenta anos da elaboração do OED, Simon Winchester mergulha na vida desses dois personagens profundamente ligados àquele que é um dos maiores e mais importantes dicionários de todos os tempos.